Que saudades do tempo em que não era preciso escrevinhar! A vida era cheia de cores, sabores, odores, tonalidades e magia… Respiravam-se. Não era preciso descrevê-los. Bastava senti-los. Estavam estampados onde deveriam! Agora lê-se a intimidade de cada um em tudo quanto é blogue. As pessoas habituaram-se a esta forma de estar/ser e deixam de viver para descrever...
Será que os afectos não deveriam ficar por matizar? O livro não deveria ir para as bancas? Cada coisa não deveria estar no seu devido lugar? Qual será a utilidade de escrever com variantes tão mínimas que por vezes mais parece estar-se a ler sempre o mesmo? O que apareceu primeiro a galinha ou o ovo? Será mais importante dar as respostas ou formular as perguntas?
Evidentemente que esta reflexão não é direcionada para a escrita interventiva, muito menos para a criativa, apenas se pretende reflectir sobre a escrita que anseia substituir e/ou provocar vivências, os chamados desabafos que em tempos faziam parte dos diários, que apenas interessam a quem os escreve, a mais uma dúzia de amigos, uma dezena de alcoviteiros e a alguns curiosos do limite para a patetice alheia.