Não vou chegar ao cúmulo de afirmar que este 1º de maio, dia do trabalhador, foi roubado à esquerda, e afins, pelo Pingo Doce, embora não estivesse a escrever nenhuma barbaridade, porque foi um pouco o que se passou. Em vez das tradicionais aberturas de telejornais com as habituais manifestações de trabalhadores, o que foi notícia foi a avalanche de pessoas que invadiram aquelas superfícies comerciais. Mais, e mais grave, muitas pessoas deixaram de se preocupar com o direito de se manifestarem, até pelo facto de não terem emprego, preferindo a correria aos descontos, certamente para comprar coisas que na maior parte dos casos nem precisariam.
O acontecido sugere reflexão. Será que se perdeu a esperança? Será que as pessoas ficaram mais felizes por gastarem num dia o dinheiro que lhes fará falta para outras coisas durante o resto do mês, na febre dos descontos e do comprar? Como em tudo na vida, a sofreguidão por tudo quanto é prazer imediato depressa se faz acompanhar do sabor amargo de não poder satisfazer outras necessidades mais fortes e, mais cedo do que tarde, as mesmas pessoas que acharam maravilhas e correram atrás do sonho, verificarão que se tratou de um pesadelo. Só pode! Foi um espectáculo entre o cómico e o trágico. Uma autêntica tragicomédia, com algo de humilhante à mistura… Há quem assim não pense. Ainda bem. Somos um país pobre, mas livre.
Quanto à iniciativa da Jerónimo Martins acho-a deprimente e só possível de ter os efeitos que teve enquanto existirem pessoas a aderir às facilidades dos contos do vigário. Mais, se podem vender com 50% de desconto os produtos num dia sem ter prejuízo, que dizer do preço que nos cobram todos os dias? Apesar do esforço, não ficaram muito bem na fotografia! O vil metal não é tudo! Conheço muitas pessoas que até a consideravam uma marca de confiança e passaram a desconfiar dela! Terão os responsáveis de reforçar a credibilidade de imagem da mesma, já que para muita gente, esta ficou algo beliscada. Quanto aos outros que aderiram não se fidelizarão nunca a nada. Só a quem prometer mais! Nesta caso menos. E esta hein?