sábado, 13 de março de 2010

O Mestre

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração."

Fernando Pessoa

Força

Onde estás sorriso meu
Onde foste tu parar
Procuro-te e não te encontro
Não sei mais onde buscar.

Há eloquência no silêncio
Como força na palavra
Mistério encerrado no tempo
Moinhos de vento, castelos de nada.

Pensamento solto
Paixão incompreendida
Tenta voar mais alto
Águia com a asa ferida.

NM